Mesmo os voos solitários chegam em algum lugar. Façamos de nosso Pais a Terra que sempre sonhamos viver...

quarta-feira, 1 de julho de 2015

João, José, Paulo e a Realidade Brasil.

João nasceu em 1997, na Vila do Fim do Mundo. José nasceu em 1998, na Vila do Fim do Mundo. Paulo nasceu em 1999, na Vila do Fim do Mundo. Em comum tem o fato de virem da miséria, crescerem sem nenhum apoio familiar ou social e serem filhos do Fim do Mundo. Favela que o próprio Diabo não visitou, por medo de ser assaltado.
Cresceram sem precisar ir ao Cinema. A Guerra fazia parte da Rotina. Comer, só na escola, quando algum político não desviava a verba da "bóia" e podiam ir à aula, por não haver toque de recolher determinado pelo tráfico.
Brincar no Parque, se resumia a jogar bola ou soltar pipa, próximo a esgoto a céu aberto, onde até os ratos vomitavam com o cheiro. Ídolos mais próximos, Gerentes de Boca, sempre elogiados por membros da comunidade, devido à benfeitorias e proteção a moradores. O maior inimigo usava uniforme e, quando chegava, se fazia anunciar por sirenes.
João não pensou duas vezes ao crescer. Esperto e descolado, entrou para o tráfico. Fez "aviãozinho". Realizou alguns ganhos em pleibas. Sempre andou dentro dos "panos" e pegava as melhores minas.
José seguiu os passos de João. Respeitado na Comunidade, desfilava segurando AR 15. Soldado do Tráfico, coisa pra Sujeito Homem.
Paulo resolveu reescrever seu destino, não aceitando a realidade à sua volta e apresentada como irreversível. Abriu mão de "status" local. Isolou-se no sonho de ser Veterinário e ter sua própria Fazenda Clínica. Desde cedo trabalhou e estudou. Vida doída, nada prazerosa, mas produtiva. Depois de anos de sacrifício, debruçado em livros e sem preguiça de vencer, passou no Vestibular, na Federal.
João e José, em busca de algum, pra desfilar no Baile Funk, planejaram assalto em Grande Empresa. Por coincidência, local onde trabalhava Paulo. Ele os reconheceu. Queima de arquivo necessária. Dois "pipocos" e garantia de "sem pobrema". Erro da cálculo. Os "homi" chegaram e a casa caiu.
Flagrante de Latrocínio. João, Di Maior, pegou anos de cana, mas tá bem. Lá dentro, protegido, segue na função. Tem benefícios da Lei. Progressão de Pena e logo estará na rua. José, Di Menor, tem a proteção da Sociedade. É um pobre esquecido e ignorado pela Sociedade. Tem carinho, direitos e ficará nas grades por poucos meses. Quando sair terá a "capivara" limpa, igual a alma de Virgem. Sua mãe pode visitá-lo e, em datas especiais, consegue sair, pra visitar a Velha. Quando aproveita pra ganhar algum em sequestros relâmpagos.
E Paulo??? Esse é um privilegiado. Estuda em Escola de Bacana. Deu mole e dançou. Tem o direito de ficar em silêncio, abaixo de sete palmos. Com sua mãe, ninguém se preocupa. Quem manda ser um burguês filho da puta.
Infelizmente não é uma História de Ficção. Faz parte da realidade de um Brasil movido à demagogia, populismo, inversão de valores e escrita por Políticos eleitos por alguém? Você lembra em quem votou?

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